sábado, 27 de dezembro de 2014

Quem conhece bem seus muitos erros não peca quando enumera seus poucos acertos

Em ocasiões diferentes, dois homens proclamaram diante de Deus o bom comportamento que tinham. Um deles foi mais resumido: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas” (Lc 18.11).
O outro foi mais detalhado: “O Senhor me recompensa porque sou honesto; ele me abençoa porque sou inocente. Eu tenho feito a vontade do Senhor e nunca cometi o pecado de abandonar o meu Deus. Eu tenho cumprido todas as suas leis e não tenho desobedecido aos seus mandamentos. O Senhor sabe que não cometi nenhuma falta e que tenho ficado longe do mal. Assim ele me recompensa porque sou honesto e porque não sou culpado de nada” (Sl 18.20-24).
A primeira palavra foi proferida por um fariseu; a segunda, pelo salmista. É para levar a sério o testemunho deles? Eles estavam falando a verdade? Foram pronunciamentos feitos com humildade, com o temor do Senhor?

Dá para desconfiar do primeiro. Principalmente porque ele viu um publicano ali perto e agradeceu a Deus por não ser igual a ele. Em segundo lugar, porque a história diz que ele voltou para casa de mãos vazias e o outro voltou para casa em paz com Deus. Em terceiro, porque se trata de um fariseu, que tinha o costume de lavar o copo só por fora e de parecer boa pessoa exteriormente, embora por dentro fosse uma pessoa cheia de mentiras e pecados (Mt 23.27-28). Até hoje, fariseu é sinônimo de hipócrita e fingido.
Quanto ao outro, seu testemunho merece confiança. Davi é uma alma descoberta. É aquele que chora publicamente: “Estou cansado de tanto chorar” (Sl 6.6). É aquele que menciona sua fragilidade publicamente: “Eu sou pobre e necessitado” (Sl 40.17). É aquele que confessa pecados publicamente: “Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados” (Sl 32.5).
Se no Salmo 18 Davi enumera suas virtudes, no Salmo seguinte ele ora: “Quem pode ver os seus próprios erros? Purifica-me, Senhor, das faltas que cometo sem perceber. Livra-me também dos pecados que cometo por vontade própria; não permitas que eles me dominem” (Sl 19.12-13). Outra coisa a favor de Davi é que ele chama Deus de sua testemunha: “O Senhor sabe que não cometi nenhuma falta e que tenho ficado longe do mal”; “Ele sabe que não sou culpado de nada” (Sl 18.23-24).
Todavia, há uma crítica a fazer. Em seu entusiasmo pela santidade, Davi se esquece daquele desagradável e odioso parêntese envolvendo seu adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias (2Sm 11). Ele não deveria ter escrito “não cometi nenhuma falta” no Salmo 18 nem “Tenho andado sempre nos teus caminhos e nunca me desviei deles” no Salmo 17 (verso 5). Ele poderia ter escrito que não tinha cometido delito algum “a não ser no caso de Urias”, como faz o Primeiro Livro dos Reis (15.5). A rigor, melhor seria escrever “a não ser o caso de Urias, o caso da contagem do povo (2Sm 24), o caso de meus excessos militares (1Rs 5.3) e outros casos menores”!

Davi tinha consciência de seu bom comportamento e também de seu mau comportamento: “Conheço bem os meus erros” (Sl 51.3). Quem conhece bem os seus muitos erros não peca quando enumera seus poucos acertos!
Fotos: Internet
:: Ultimato
Fonte: http://www.lagoinha.com/ibl-vida-crista/quem-conhece-bem-seus-muitos-erros-nao-peca-quando-enumera-seus-poucos-acertos/

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